quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A importância das estatísticas ciclísticas - Entrevista com Rubens de Oliveira Braga

Do site da VIACICLO
Dom, 15 de novembro de 2009 11:00 Canais - Entrevistas

rubens_braga_pqRubens de Oliveira Braga, 73 anos, é uma referência para o cicloativismo brasileiro, tanto por sua experiência quanto pela paixão com que se dedica à promoção da bicicleta como meio de transporte. Como presidente da CICLOSAN - Associação dos Ciclistas de Santos e Região Metropolitana da Costa da Mata Atlântica, com sede em Santos/SP, fundada em 1997, Rubens tem se destacado pelo levantamento de dados sobre o aumento de ciclousuários e sobre os acidentes com ciclistas de acordo com o incremento da infraestrutura ciclísticas. Atualmente, Rubens também é membro do Conselho Consultivo da UCB - União de Ciclistas do Brasil.

Com esta entrevista, Rubens Braga está divulgando a sua pesquisa para servir de modelo para outras cidades. Baixe os arquivos do "Histórico Estatístico de Acidentes com Ciclistas de Santos (1998-2009)" em versão PDF (documento unificado para impressão) e em versão XLS (planilhas separadas com fórmulas ativas).

Quando e por quê você passou a militar a favor da bicicleta como meio de transporte?
A partir de 1995, participando das reuniões da SABICI - Sociedade Brasileira de Trânsito Amigos da Bicicleta, com Sede em São Vicente, cujo presidente era nosso colega Günther Banthel. O motivo deu-se ao fato de ter em minha residência quatro bicicletas (família composta com esposa e quatro filhos), mas apenas eu usava uma regularmente na pista motorizada, por falta de segurança. Meus filhos eram ainda crianças e adolescentes entre 6 e 12 anos. Agora já temos algumas ciclovias, mas eles estão estudando em outra cidade, com idades entre 18 e 26 anos.

Por quê você passou a se interessar sobre as estatísticas de uso da bicicleta?
Inicialmente, porque havia fundado a ONG CICLOSAN e queria conhecer os pontos mais críticos em acidentes de trânsito com bicicletas, como autodefesa e prevenção. Por isso, tinha curiosidade em conhecer as estatísticas do Órgão Gestor de Trânsito de Santos, mas este computava ciclistas e pedestres como atropelamentos e óbitos apenas no local do acidente. Sendo eu aposentado da indústria na área de Controle de Qualidade, onde participava anualmente de Planos de Metas e de Desafios e de Produtividade, desenvolvia trabalhos de Controles Estatísticos e resolvi, então, desenvolver estes conhecimentos, com intuito de colaborar com o Poder Público, visando o incentivo ao uso da bicicleta com segurança e com o Meio Ambiente.

Quais os benefícios de estudos estatísticos sobre a bicicleta?
São muitos e atingem diversas áreas, considerando também as pesquisas: conhecimento imediato e contínuo das causas dos acidentes; acompanhamento dos resultados das atividades realizadas pelo Poder Publico, considerando a implantação de ciclovias, bicicletários, campanhas educacionais, e penalizações, tanto a ciclistas, como aos motorizados em geral; facilidades na elaboração e apresentação de palestras, com resultados positivos ou negativos, seguidos de elogios, sugestões e/ou questionamentos. A estatísticas são dinâmicas, mostram prioridades e o que fazer, inclusive antecipando tendências de resultados, para o fechamento de cada ano letivo, dando tempo de reverter resultados negativos.

Quais as principais conclusões que você obteve com suas pesquisas?
Que novas ciclovias instaladas, desde que interligadas e atendendo as normas contidas no Manual de Planejamento Cicloviário do Ministério dos Transportes, proporcionam aumento significativos e contínuos de novos adeptos ao uso da bicicleta em mais de 50%, com minimização dos acidentes em até 80%. Infelizmente o Poder Público Municipal só se interessou por nossas estatísticas, quando comprovamos erros históricos em seus relatórios, em 1998, como o número de mortes totais no trânsito de Santos, divulgado na imprensa três vezes menor que o fornecido à CICLOSAN pelo IML de Santos. Este controle foi instalado pela CICLOSAN em parceria com o próprio IML e a DEINTER-6.

Qual sua avaliação do cicloativismo brasileiro na atualidade?
Antes da fundação da UCB, não tinha nenhuma noção em nível nacional. Na minha Região, Praia Grande se destaca aproximando-se dos 80 km de ciclovias construídas, com mais 91 km projetados para 2011 e 110 km para 2016, conforme o Planejamento Metropolitano Cicloviário - PCM (segundo a AGEM). Com a instalação da União dos Ciclistas do Brasil, a troca diária de e-mails, somado ao Boletim da ViaCiclo, estamos alavancando no entrosamento, mais conhecimentos e informações e logo estaremos muito bem informados. Considerando a cultura de cada Estado e a Região Metropolitana, nota-se que alguns grupos tendem mais para pedaladas, passeios noturnos ou competições, mas todos estão visando ciclovias em suas cidades. Se não me engano, dentre todos as cidades, Rio de Janeiro, Curitiba, Sorocaba Florianópolis destacam. Já São Paulo, Santo André e São Bernardo, onde costumo ir às vezes (onde tenho filhos em Repúblicas de Estudantes), acho uma vergonha com tanto trânsito, canteiros centrais bem arborizados, mas pouco utilizados por pedestres, nenhuma ciclovia e raríssimas bicicletas no trânsito.

Gostaria de fazer algum comentário adicional?
Penso que seria benéfico se todos desenvolvessem pesquisas e estatísticas em suas Regiões Metropolitanas, para enriquecer seus conhecimentos e poder comprovar e enumerar os benefícios.


Baixe os arquivos do "Histórico Estatístico de Acidentes com Ciclista de Santos (1998-2009)" em versão PDF (documento unificado para impressão) e em versão XLS (planilhas separadas com fórmul

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