segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Natal: Ciclistas em risco,, qualquer semenhança com Recife não é uma mera coincidencia

Da Tribuna do Norte.
Pedalar. Uma maneira saudável de lazer e até de locomoção para o trabalho tem se tornado uma atividade de risco em Natal. Isso porque, sem locais apropriados e seguros para andar de bicicleta nas vias da cidade, os ciclistas têm que dividir o espaço com carros, motocicletas, ônibus e caminhões no trânsito cada vez mais caótico. E o pior, sempre em desvantagem.
Alex RégisAumento do tráfego na cidade prejudica quem usa a bicicleta como forma de lazer ou para ir trabalharAumento do tráfego na cidade prejudica quem usa a bicicleta como forma de lazer ou para ir trabalhar

A reclamação é geral por parte dos adeptos da bicicleta, lojistas do ramo e dos principais representantes do ciclismo potiguar. O alvo é a falta de ciclovias e ciclofaixas, além do descaso recorrente das autoridades.

Para tentar reverter a situação, o presidente da Federação Norte-Rio-Grandense de Ciclismo, Armando Paiva, conta ter sido criado o grupo “Ciclistas em Movimento”, que tem reunião marcada esta semana com o secretário Kelps Lima, da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), quando será apresentado sugestões para o Plano Cicloviário de Natal. Eles também ouvirão as propostas da Prefeitura.

“Nosso objetivo é reunir todas as lideranças que existem no meio, representantes de triatlo, corrida de aventura, rally, Ordem dos Advogados do Brasil e outros, para formar um conselho e reunir ideias e formular as reivindicações do movimento ciclístico de Natal”, diz Armando Paiva.

O ciclista e dono de loja de bicicletas, Miguel Júnior, líder de grupos de passeios ciclísticos, comenta que Natal nunca teve um local apropriado para pedalar de forma segura e que já teve muitos amigos vitimados pela falta de consciência dos motoristas. Ele analisa que a criação de ciclovias na cidade só traria benefícios a todos. “As pessoas querem que o trânsito flua melhor, menos poluição e uma qualidade de vida melhor. Mas os políticos só querem sempre ganhar vantagem. O que nós queremos é solução.”

Para o secretário Kelps Lima, antes de instalar ciclovias nas principais ruas da cidade é preciso criar entre os natalenses uma “cultura ciclística”, para que, uma vez criadas as áreas específicas para bicicletas, essas sejam realmente respeitadas pelos condutores de veículos pesados. “Há toda uma lógica a ser seguida. Se você tentar invertê-la, você perde um bom projeto. Vão ficar os motoristas contra os ciclistas”, considera.

“Falta cultura ciclística em Natal”

Reconhecendo ser Natal uma cidade não adequada para o ciclismo e também atrasos na conclusão de um projeto cicloviário para Natal, o secretário Kelps Lima, da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), acredita não adiantar fazer a adequação necessária das ruas, instalando ciclovias e ciclofaixas, sem que antes seja desenvolvido um trabalho de conscientização para a criação de uma “cultura ciclística” entre os natalenses.

Em seu entendimento, é preciso primeiro separar os dois públicos que, de fato, hoje, utilizam a bicicleta: os trabalhadores e os que pedalam por saúde e entretenimento. Para cada grupo, propostas diferentes. “Identificamos, principalmente na Zona Norte, uma série de rotas do trabalhador. São circuitos informais que os trabalhadores utilizam para ir ao trabalhado de bicicleta. Estamos preparando um plano de adequação viária para estruturar essas rotas”, revela Kelps.

Já para aqueles que usam a bicicleta com fins de saúde e entretenimento, o secretário adianta que, por enquanto, não há como atender a reivindicação para que sejam implementadas ciclovias em avenidas movimentadas como a Salgado Filho e a Prudente de Morais. “Porque não há uma cultura em Natal para absorver isso”, considera o secretário. “Olha a confusão que deu na Bernardo Vieira porque se priorizou ônibus e tirou um pedaço da faixa dos carros. Agora você imagine tirar um pedaço da faixa para as bicicletas. Imagine o tamanho do tumulto que daria, apesar de ser muito melhor para a cidade.”

Proposta concreta

Dentro da proposta de primeiro criar a tal cultura ciclística nos natalenses, a Semob está ultimando, de acordo com o secretário, um projeto copiado da Prefeitura de São Paulo, chamado Ciclofaixa. Adaptado à nossa realidade e dedicado a quem busca lazer, o plano visa interromper uma das faixas de algumas avenidas, sempre aos domingos, das 7h às 14h, pintando o asfalto desses trechos de vermelho e sinalizando o local com cones. “É um programão para a família”, diz Kelps Lima, adiantando que o projeto deve ser posto em prática em dezembro ou janeiro de 2010. Saiba mais sobre o projeto original no endereço www.ciclofaixa.com.br

A Semob estuda a possibilidade de instalar, inicialmente, o projeto nas avenidas Romualdo Galvão ou na Salgado Filho, com pontos de embarque e desembarque e distribuição de água mineral e brindes. A Salgado Filho, é a preferida do secretário por oferecer maior visibilidade. “Num segundo momento, vamos implantar na Zona Norte, na av. Itapetinga, que é um lugar absolutamente perfeito, e tem uma boa área.” Após essa fase, a proposta é criar, na ZN, a “Rota do Trabalhador”, um projeto de estrutura física de ciclovias — “já que nessa região da cidade há uma taxa de motorização menor, até por uma questão de poder aquisitivo.”

O gráfico João Batista da Silva, 61 anos, diz utilizar a bicicleta como veículo para ir ao trabalho há mais de 35 anos. Morador do conjunto Soledade 2, ele considera a av. Felizardo Moura como um dos mais perigosos em seu trajeto. “Já sofri acidente no trânsito, por isso não relaxo nunca. Ando sempre atento”, comenta.

Problema afeta federação, outras entidades e lojistas

Mesmo reconhecendo um “descaso total” com o ciclismo em Natal, o presidente honorário do Natal Bike Clube, médico Iran Paiva diz já perceber uma relação melhor entre a população natalense e os ciclistas da cidade. Para ele, o nível de consciência tem melhorado e deve evoluir da mesma forma que a questão das faixas de pedestres. “Antes tiravam fino, chegavam a bater nas bicicletas. Um amigo meu, inclusive, levou um murro nas costas, dado por um ocupante de um buggy”, relata.

Porém, mesmo detectando tal mudança comportamental, Iran Paiva acredita não haver ainda uma sensibilização maior do Poder Público para o problema, por mais que ciclistas e entidades do meio se mobilizem e reivindiquem melhorias.

“Não priorizam nada. Na Rota do Sol não tem ciclovia, embora todos vejam a quantidade de pessoas que pedalam por lá. Da mesma forma na Rota do Sol. Mais de cem pessoas se concentram sempre naquele posto de gasolina do início e saem para pedalar. São empresários, industriais, profissionais liberais”, comenta Iran Paiva, considerado um dos grandes incentivadores do ciclismo em Natal.

Segundo o presidente da Federação Norte-Rio-Grandense de Ciclismo, Armando Paiva, o estatuto da entidade prevê que ela seja a interlocutora do ciclismo com o Poder Público, mas que o tema vinha sendo esquecido. “Houve uma omissão de quem realmente deveria fazer isso, que é a própria federação, por requerer muito tempo e dedicação”, comenta ele, acrescentando ainda que antes não havia um número tão grande de carros como há hoje em Natal.

Os donos de lojas de bicicleta também sentem uma queda nas vendas, e atribuem isso ao risco que se corre em pedalar pelas ruas da cidade. “Tem muita gente que tem vontade de comprar uma bicicleta mas tem medo, já que não temos locais adequados para pedalar”, comprova o empresário do ramo, Miguel Júnior.

Armando Paiva também é empresário, dono de loja de tintas. Ele diz dar bicicletas de presente aos seus funcionário, sempre que tem condições para tanto, por acreditar que o fato de vir para o trabalho pedalando ajuda na produtividade. “O pessoal chega para trabalhar mais ativo, adoece pouco. Nos finais de semana, se tiver com a cabeça quente, é só dar uma volta de bicicleta que chega na segunda muito melhor para trabalhar.”

Um comentário:

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