Segundo um estudo das Nações Unidas, em 2050 cerca de 80% da população europeia viverá numa cidade. São números alarmantes que, intercalados com a ânsia portuguesa de ter carro próprio (às vezes mais do que um), pintará de negro o cenário do trânsito em Lisboa ou no Porto – como em várias outras grandes cidades europeias e mundiais.
O assunto da mobilidade nas grandes cidades é cada vez mais discutido globalmente. Na sexta-feira, por exemplo, o Wall Street Journal publicou um excelente artigo de David Owen sobre os congestionamentos de trânsito. Segundo Owen, estes, afinal, “ajudam” o ambiente.
Este interessante ponto de vista parte do pressuposto de que os congestionamentos provocam nos condutores uma frustração tal que, assim, aumenta a possibilidade destes passarem a ser utilizadores de transportes públicos. Ou andar mais a pé.
O artigo fala também da recente nomeação de Jay Walder para presidente e CEO da Autoridade Metropolitana de Transportes de Nova Iorque. A contratação de Walder, que já trabalhou, por exemplo, na cidade de Londres, representa bem o esforço que Nova Iorque está a dedicar a este tema – que cada vez mais é um dos pontos fulcrais da gestão de uma cidade (e que, como já aqui referi, foi colocado no topo das preocupações dos candidatos à câmara de Lisboa).
“Os congestionamentos de trânsito podem, na verdade, ser benéficos para o ambiente, se tornarem [outras] opções como o metro, os autocarros, o carsharing, as bicicletas e andar a pé mais atraentes”, argumenta Owen.
O WSJ explica ainda que o tempo gasto em filas de trânsito poderia ser aproveitado pelos cidadãos a trabalhar ou a brincar com as suas crianças. É bem verdade. Por isso temos todos (cidadãos, cidade, empresas e instituições) que trabalhar para que essas mesmas crianças não passem, no futuro, por estes “dramas” diários – ou outros ainda piores.
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