segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Zambianos criam bicicletas fabricadas com bambu.

out 18, 2009 Escrito por Phellipe Sousa em Artigos
E o Bambu? –
No subúrbio de Lusaka, Zâmbia, a próxima geração de bicicletas está sendo produzida por Bejamin Banda.

“Nós plantamos esse bambu ano passado e ele já está mais alto que eu”, disse Banda à rede de notícias BBC, “quando estiver pronto iremos cortá-lo, tratá-lo, e transformá-lo em uma bicicleta”

Banda é o zelador da Zambikes, uma empresa aberta por dois californianos com o intuído de fabricar bicicletas fortes o suficiente para suportar o terreno local.

O Co-fundador, Vaughn Spethmann, lembra como tudo começou, “Estávamos numa viajem com a universidade, e decidimos fazer uma competição de futebol com os nativos. Após a competição perguntamos o que eles faziam, eles disseram ‘Nada’, eles não tinham emprego”.

Foi então que os dois decidiram abrir um negócio que poderia ser um fonte de emprego e ao mesmo tempo disponibilizar um produto útil. Da empresa saíram bicicletas que não serviam meramente para o leve transporte, mas também bicicletas de carga, uma bicicleta-trailer e uma “zambulância”, hoje usada em dez clínicas em Lusaka.

Enquanto isso, um designer de bicicletas de Santa Cruz, Craig Calfee já estudava a substituição do metal da bicileta por bambu, devido à força e ao baixo peso da planta.

Calfee planejava produziras bicicletas em países em desenvolvimento, distribuí-las nos Estados Unidos e dividir os lucros. Ele já havia aberto uma fábrica em Accra, Ghana, e procurou por mais produtores de bicicletas de bambu, os quais ele apelidou de “Bambooseros”. Logo, uma parceria com a Zambikes foi feita, e logo obteve-se aumento na produção das bicicletas de bambu.

A parceria gerou felicidade, já que produtos produzidos na Zâmbia serem exportados para os Estados Unidos não é tão usual. Os motivos variam, dificuldade de gerar capital em Zâmbia, ferramentas e matéria-prima são caríssimos, baixa quantidade de mão de obra qualificada e alta quantidade de burocracia.

Mas visto que a produção não é tão cara, dado ao baixo custo da matéria prima, era uma chance única. Além de ter pouquíssimo impacto no ambiente.

Mas seriam as bicicletas um sucesso? Calfee acredita que sim, baseado nos diversos pedidos que tem recebido, antes mesmo de lançar as bicicletas.

O Coordenador de Operações, Divilance Machilika, observa um dos produtores testando um exemplar da bicicleta no pátio da fábrica: “Eu já posso ver elas vendendo bem na América. Eles vão gostar porque é natural.” Machilika dormia numa tenda do lado de fora enquanto a fábrica era construida.

Um dos fundadores, Mwewa Chikamba diz que Machilika é um exemplo do que a Zambikes queria atingir.

“Nunca foi apenas para construir bicicletas. Nós queríamos dar aos nossos funcionários habilidades práticas e recompensá-los pelo seu trabalho. Nós queríamos mudar vidas”

Os funcionários também recebem assistência como treinamento de negócios e empréstimos discricionários – Machilika usou um empréstimo para comprar um terreno.

“Eu quero construir três casas, vou usar o dinheiro do empréstmo para abrir meu próprio negócio e contratar mais gente”

Ao invés de incentivar o interesse, a Zambikes pede aos seus funcionários para demonstrar que o dinheiro investido neles beneficia a sua comunidade. Perseverança, inovação na produção e na prática do trabalho levou a Zambikes a fincar raízes fortes. Mas num cenário econômico que deixa a desejar, não é surpresa que eles ainda não estejam vendo lucro. Mas se as bicicletas fizerem tanto sucesso quanto Calfee acredita, essa situação está propensa a mudar.

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